Letícia Moreira, mamãe de 1:
“Pra mim, ser doula é a mão que apoia a travessia. Sempre que me perguntam, eu gosto de falar isso. Porque é uma travessia importante, e é importante ter uma mão ali segurando a nossa.”
“A procura pelo parto humanizado foi bem cedo, no ensino médio. Esse nome, essas palavras, já me deixaram inquietas. Fui atrás de documentários. Enfim, o tempo passou… Quando descobri que eu estava grávida da Moana, a gente começou a frequentar rodas de gestantes e tudo mais. A gente se informou muito.”
“Quando ela tinha 1 ano mais ou menos, eu resolvi me formar doula. Surgiu a oportunidade e eu fiz a minha formação de doula. O que me toca é justamente esse contato com outras mulheres. Sabe, é uma fase tão… importante na vida da mulher, sabe, que ela precisa ter um apoio verdadeiro ali, uma pessoa que vai passar tranquilidade. Isso me chamou atenção. Eu tive uma doula.”
“Quando eu resolvi me formar sobre doula, eu pensei em levar para outras mulheres também que não têm como pagar. Então, a minha primeira experiência foi com mulheres da periferia. Depois, foi dentro do sistema carcerário. E claro, é um trabalho de cuidado, e a maioria mulher. Eu não estou dizendo que as mulheres não tenham que receber tudo isso, eu acredito sim que precisem, mas a gente precisa pensar no voluntariado também.”
“A doula é muito importante porque ela estabelece uma relação de confiança com a outra mulher, e baseado em evidências… Partos com a presença de doula ocorrem menos cesáreas desnecessárias, menos intervenções, menos depressão pós-parto. Eu acredito que é muito importante por esse motivo. Baseado em evidências… É muito importante também que chegue a outras mulheres que desconhecem esse mundo. Então, é importante que essa informação vá sendo difundida. A gente pensa, né, tecnologia hoje, todo mundo tem acesso, mas não é todo mundo que tem acesso. Por exemplo, amamentação, quantas consultoras de amamentação fazem um trabalho voluntário? Ou quantas consultoras de amamentação nós temos na periferia? Quantas doulas negras nas pernas? Eu acho que é importante refletir sobre isso.”
Evelyn Fiuza, mamãe de 1:
“A doula, ela é uma nomenclatura nova, na verdade. A doula já existe há um tempo, é que agora também tem as formações de doula, né? Que junta a ciência, junta o que a gente tem de ancestralidade do parto numa pessoa só. A doula, ela não é uma parteira, por exemplo. A doula é aquela mulher que antigamente, a mãe que segurava a mão da filha quando ia parir. É aquela mulher que passa uma segurança, que passa uma calma, um direcionamento da concentração da mulher, para ela conseguir parir.”
“A doula é uma serva da parturiente. É essa a função da doula. Olha, acho que uma relação boa de doula e parturiente… é uma relação de confiança. A princípio, é uma relação que se estabelece muito respeito, muita confiança. A doula começa a fazer praticamente parte daquela família que está sendo formada ou que já existe. Então, é necessário que tenha uma confiança muito grande ali entre as duas e da doula com a família, também, com o pai, ou se é uma mãe solo, com essa mãe, com a mãe da mãe, com quem está, com quem faz parte ali daquele ambiente.”
“A doula nunca trabalha sozinha também, ela tem uma equipe que geralmente… ela é só um pontinho. Tem a enfermeira, tem a parteira, tem a neonatal, tem também os fotógrafos, tem os cinegrafistas… E aí, todo mundo faz parte dessa equipe. Precisa ser criada uma relação de muita confiança entre todo mundo para que realmente o trabalho seja feito.”
Texto extraído e adaptado da conversa com Letícia Moreira e Evelyz Fiuza para o Ninho das Mães.