Débora Santos, mamãe de 3:
“Sobre o parto e a escolha, sempre me posiciono ao lado da mulher. É uma escolha consciente dela. Porém, há uma dominação da medicina ocidental, uma medicina biomédica. A sociedade valoriza essa medicina positivista, ligada ao corpo, à fisiologia e à medicalização. O parto é um evento fisiológico, natural para toda mulher.”
“A mulher consciente de seu corpo e oferecidas as opções, tem o poder e o direito de escolher o que é melhor para si, sua família e seu filho. Infelizmente, não é o que observo. Nos serviços de saúde, impõem uma opção como a melhor ou única possível. Como profissional de saúde, percebo que muitas vezes essa opção é enganosa.”
“A opção de um parto natural pode ser negada, persuadindo a mulher a fazer uma cesariana. Isso é uma violência. É usar a medicina e a ciência para impedir uma mulher de realizar o que deseja. Mas a medicina está mudando. Não apenas a medicina médica, mas todas as profissões da área da saúde. Estamos nos aproximando de um novo modelo, longe do biomédico voltado para a patologia.”
“Acreditamos nos direitos da mulher e para isso ela precisa estar consciente de seus direitos e do significado de diferentes tipos de parto. Existe uma mudança em andamento, até mesmo na medicina. Há uma tendência de valorizar essa escolha. Investir nessa valorização é o movimento conhecido como humanização.”
“Humanização é dar poder à pessoa que está sendo cuidada. Na medicina tradicional, quem tem o poder é o médico, o profissional de saúde. É ele quem decide sobre o parto, mesmo não sendo ele quem vai parir. Estamos buscando um modelo de atenção à saúde que coloque o direito e a responsabilidade da decisão nas mãos da pessoa que está sendo cuidada. Ela é a protagonista desse cuidado.”
Texto extraído e adaptado da conversa com Débora Santos para o Ninho das Mães.